manual pratico da primeira sessao bdsm

Muita gente vive o BDSM por anos e até pela vida inteira apenas de forma virtual. Uma das razões pelas quais isso acontece pode ser resumida em uma palavra: medo. Receio de se expor, receio de não ser bem aquilo que imagina, receio de perder o controle... receios. Como tenho alguma estrada, é comum que me perguntem sobre como agir nas primeiras sessões, não importa o lado do chicote que esta pessoa esteja. Bons dominadores sempre se inspiraram em alguém e em algum momento foram orientados. Bons submissos preocupam-se com sua integridade física e moral, agindo com prudência. Mas quais seriam essas dicas? Costumo dizer que não há cartilha. Cada pessoa possui um universo próprio e o que pode ser bizarro e inaceitável para mim, pode ser uma delícia ideal para outrem. Então, a única dica que dou em termos de prática é ser espontâneo. Claro que subentende-se que quando chegou ao ponto de ser marcado um encontro, todos os gostos e afinidades que nortearão a sessão já foram conversados. Na espontaneidade estão carregados outros conselhos como 'não ter vergonha de admitir que não sabe / não conhece', 'querer zelar por si e por sua segurança', manter certos dados e espaços em sigilo e por aí vai. Haja naturalmente como você é no cotidiano. Não esqueça que BDSM é um universo social, com relações rotuladas mais ou menos conforme o gueto ao qual você pertence e conforme o que você se permite. Sempre acontecerão situações inesperadas, deliciosas, surpreendentes e também 'saias justas', constrangedoras até, tal qual é nossa vida em outros estratos sociais. Para as mulheres, sobretudo as dominadoras, sugiro que não alterem o tom de voz. Cada vez mais a experiência e a observação me mostram que quem domina de verdade não depende de gritos nem exaltações. Um olhar, um gesto, uma palavra impõe respeito imediato. A presença da dominadora deve bastar. Caso contrário, um bom castigo aplicado da forma correta e no momento oportuno surte muito mais efeito. Gritar sempre dá uma conotação de histeria, ainda mais para nós que sempre fomos taxadas de desequilibradas em qualquer situação que nos irrite ou nos tire a paciência. Para os dominadores, tenham consciência que por mais conhecimento e vivência que detenham, vocês não são a última bolacha do pacote e não possuem o caminho perfeito para a felicidade, muito menos vão “ensinar o verdadeiro BDSM a ninguém”. Ser humilde não tira a autoridade. Pelo contrário, é charmoso perceber que o ser amado é poderoso porém humano, se permite emoções nobres e sensibilidade. E por favor não sejam afoitos com as moças. Não peçam para ver fotos nuas ou para vê-las pela cam como vieram ao mundo logo de cara. Mulheres interessantes gostam de sutilezas, gostam da conquista. Se ela for com a tua cara – ou melhor, com o teu papo – ela mesma vai querer se mostrar pra ti. As submissas buscam alguém em quem possam confiar, se inspirar e para quem se entregar. Portanto, procurem conquistar a admiração delas para depois despejar ordens ou querer colocar coleiras virtuais tão efêmeras quanto seus nicknames. Submissos, meus queridos, não atirem para todos os lados. É nojento ver um cara cantando todas as dommes do Fetlife ou do seu círculo. Ainda que você esteja flertando com várias via msn, seja discreto. Mulheres gostam da ilusão da exclusividade, pelo menos de que são as mais cobiçadas por aqueles que estão considerando. O cara que entender isso, conquista com muito mais facilidade a mulher dos seus sonhos. E isso vale pra tudo, hein! Submissas, minhas lindas, tentem controlar seus impulsos. Não é porque aquele cara lindo que é fetichista te deu 'oi' que ele vai querer encoleirar você. Assim como é prudente ter consciência de que você banca certas vontades do seu aspirante a dono – como ter várias subs, por exemplo – ou não. De nada adianta portar uma linda coleira e ser infeliz. O BDSM existe para trazer o prazer mais escondido da nossa alma à tona. Não para escravizar nossos desejos. Se é para ser escrava, que seja do seu próprio prazer e não o sufoque em hipótese alguma! Por fim, aprendamos sempre! Somos seres em constante mudança e aprendizado. Ter a certeza dessa inconstância é a segurança para nossa evolução, além de nos libertar de rótulos vazios e posses desnecessárias.